terça-feira, novembro 29, 2011

schneebett


 


Augen, weltblind, im Sterbegeklüft: Ich komm,
Hartwuchs im Herzen.
Ich komm.

Mondspiegel Steilwand. Hinab.
(Atemgeflecktes Geleucht. Strichweise Blut.
Wölkende Seele, noch einmal gestaltnah.
Zehnfingerschatten — verklammert.)

Augen weltblind,
Augen im Sterbegeklüft,
Augen Augen :

Das Schneebett unter uns beiden, das Schneebett.
Kristall um Kristall,
zeittief gegittert, wir fallen,
wir fallen und liegen und fallen.

Und fallen:
Wir waren. Wir sind.
Wir sind ein Fleisch mit der Nacht.
In den Gängen, den Gängen.

(Paul Celan, Sprachgitter, 1959)



LEITO DE NEVE

Olhos, cegos do mundo, no sopro amortalhado: eu venho,
Coração aço-expandido,
Eu venho.

Espelho lunar, abismo vertical. Queda.
(Gelâmpada embaçada de hálito. Sangue em estrias.
Alma finda em nuvem, figura ainda quase nítida.
Sombra contorcida de dez dedos)

Olhos, cegos do mundo,
Olhos no sopro amortalhado,
Olhos olhos:

O leito de neve sob nós dois, o leito de neve.
Camada após camada,
Cristais na trama profunda do tempo, nós caímos,
Nós caímos e deitamos e caímos.

E caímos:
Nós éramos. Nós somos.
Somos uma só carne com a noite.
Nas passagens, nas passagens.

(Tradução - meia-boca - via traduções francesa, italiana e espanhola: Patricia Smaniotto)

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