Debout devant les lions, de vrais lions de fonte éternelle ou bien c’était de bronze, entre les palmiers, avec à ma droite le Théatremunicipal et à ma gauche la Pharmacidurgence flanquée des deux grottes où cuvent les liqueurs et les métamorphoses j’eus toujours cette sensation singulière de venir-d’arriver. J’étais la voyageuse de passage dans une ville-maison-théâtre; aucun séjournement aucune répétition, nulle durée, n’atténuèrent jamais l’acuité de mon abordement. Je fus toujours debout devant entre sur le pas d’un pays étranger le mien, à cause de tous ces mots-noms, cette faune, que je ne savais pas coucher sur le papier et qui m’enveloppait de forêts transparentes sonores. Oran fut toujours le livre avant l’écriture, tout prenait mot, et le mot était nom et les noms étaient les pièces précieuses d’une mosaïque mobile que je rassemblais et disposais sans cesse en combinaisons nouvelles, comme à la plage je recueillais des nacres auxquelles je vouais un culte nombreux et précis.
Ce qui faisait le charme ensorcelant de cette bijouterie c’est que j’ignorais tout de la transcription. La langue qu’on ne sait pas écrire a une autorité magique. C’est elle qui me parlait, et à ses mots je voyageais. Je vivais dans un dictionnaire illustré vivant où le mot “cyclorameur” venait se poser à côté du mot “araucaria” et du mot “créponné” pour former des ensembles d’éléments intensément érotiques par contiguités incongrues et compatibles. (...) Ainsi vivais-je dans le sein d’Oran, baignant dans une dissémination de signifiants qui me bercaient et bouleversaient le coeur, j’étais dans cette langue intangible dans sa totalité fuyante rassemblée et que jamais je ne pus tenir dans ma bouche.
Ce n’était pas du français.
(Texte d'Hélène Cixous, Les Noms d'Oran)
Hélène Cixous, par Martina Hynan
Diante dos leões, de verdadeiros leões de fonte eterna ou talvez fossem de bronze, entre as palmeiras, tendo à minha direita o Teatromunicipal e à minha esquerda a Farmácia-24-horas flanqueada por duas grutas onde repousam os licores e as metamorfoses, eu sempre tive esta sensação singular de acabar-de-chegar. Eu era a viajante de passagem em uma cidade-casa-teatro: nenhuma permanência nenhuma repetição, nenhuma duração, jamais atenuariam a acuidade de minha abordagem. Eu sempre estive de pé diante entre no patamar de um país estrangeiro o meu, por causa de todas essas palavras-nomes, esta fauna, que eu não sabia colocar no papel e que me envolvia em florestas transparentes sonoras. Oran foi sempre o livro antes da escritura, tudo tomava palavra, e a palavra era nome e os nomes eram peças preciosas de um mosaico móvel que eu reunia e dispunha sem cessar em combinações novas, do mesmo modo como na praia eu recolhia as madrepérolas às quais eu devotava um culto numeroso e preciso.
O que dava um charme enfeitiçante a esta bijuteria é que eu ignorava tudo da transcrição. A língua que não se sabe escrever tem uma autoridade mágica. Era ela que me falava, e em suas palavras eu viajava. Eu vivia em um dicionário ilustrado vivo onde a palavra “pedalinho” vinha se postar ao lado da palavra “araucária” e da palavra “creponar” para formar conjuntos de elementos intensamente eróticos por contiguidades incongruentes e compatíveis (...) Assim vivia eu no seio de Oran, banhando-me em uma disseminação de significantes que me embalavam e transtornavam o coração, eu era nesta língua intangível na sua totalidade fugidia reunida e que jamais pude manter na minha boca.
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